Preparava um escrito para falar de saudade e me veio a tua saudade cancelando minhas intenções. Não de maneira bruta ou imposta, mas, por fim, sugando pra dentro de si a minha própria falta, meu próprio quarto deserto, meu membro amputado. Sim, essa saudade que sinto tem entidade, um corpo que corre de mim quando quero prendê-la. Por isso escrevo, para que ela, a saudade, leia o quanto me faz doer a distância, mas também me faz acontecer essas coisas que me aterram ao mundo que te contém e que, graças aos nossos antepassados, tenho o prazer de trazer inscrito em minha carne, nas curvas do nosso desenho, nossa marca de nascença para a era do pertencimento. Semelhantes e pungentes é o que somos. E os meus mundos descobertos? Não quero evoca-los. É tua vez de debulhar a vida das distâncias e do reconhecimento dos lugares a que pertences. É minha vez de estar te esperando para abraços, lágrimas e a felicidade do encontro – tuas histórias e descobertas, quero que sejam meu novo continente. J.M.N.
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