A morte veio e fez seu trabalho nos braços de Violeta.
Roubou a vida de seus abraços e ainda cometeu a indignidade de manter seu coração pulsando e seu corpo respondendo apenas à virada dos dias.
A morte levou seu Damião sem aviso – tiro de assalto na primeira ida à cidade grande.
Violeta que não aprendeu a sentir menos com o passar dos anos, decretara Damião, o amor de todas as suas vidas. E passou a esperar morrer junto dele, desde o primeiro beijo.
No susto da perda, gritou isso por quatro dias e perdeu-se dentro do som ensurdecedor de seus gritos de desespero.
Intensa e sozinha voltou, como na infância, a escutar algaravias, a ser visitada por antepassados.
Seus sonhos eram mais para este lado da vigília. Tanto que passou a ver pessoas que caçoavam do que ela perdera e assistia Damião, todas as noites, ir caminhando numa estrada escura para longe de si.
Violeta, espírita, acreditava em vidas sucessivas, em outro planos onde pisava ainda o mesmo chão de praia com o seu damião, porém não podia sentir-lhe o cheiro da pele ou o gosto da boca porque esses outros lugares que ela via não ganhavam matéria por sairem só dela em seus silêncios.
A morte, pois, Caxias em seu ofício, plantara outra eternidade sozinha na vida de agora de Violeta.
Talvez fosse a vontade dos séculos e dos deuses instalar esses impossíveis na vida da moça.
Ela, por sua vez, já andava cansada de o destino usar seus sopros nela daquele jeito. J.M.N.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Micro-romance X
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