segunda-feira, 25 de abril de 2011

Resgate

Ela acertou o exato momento, o derradeiro tempo de cair minhas lágrimas caminhantes. A cidade estava às voltas com o resto da chuva e os córregos das baixadas infestados de amores apátridas, choravam seu choro convulso, desesperança em água, nada mais triste. Eu rodava e rodava esperando. Tentando anunciar que meus caminhos eram certos, porém vi passar namorados, agarrados à certeza mais simples de que há uma vida inteira dentro dos abraços comprimidos que se dão. E ela acertou em cheio esse minuto. Esse preciso tempo em que jazia triste dentro de mim. Apenas dirigindo pela cidade, esperando encontrar um lugar para estacionar e sangrar minhas lágrimas. E que este lugar não fosse a minha casa, não fosse casa alguma, fosse apenas um lugar. Onde eu pudesse me despedir das ilusões em paz. Mas ela acertou este momento e precisou de tão poucas palavras para botar-me dentro de um sonho. Já não era sem tempo, pensei. Um salvamento a mais, ela nem sabe o quanto. E ela me disse tantas coisas bonitas e tantos gestos imensos couberam dentro daquelas poucas palavras dela que eu calado, apenas reconheci o gesto. Ela me salvou inteiro. Não redimiu que nisso já não acredito e penso que torna o que se foi muito pouco para a dor que ficou. Não, ela me salvou. Apenas isso. Me salvou no tempo certo. No momento em que eu aprendia a dominar meus sentidos e desfazer das coisas que estavam cá dentro. Suas palavras como um tampão para meu tacho de sentimentos. Fazia tanto tempo que eu não era amado daquele jeito. E hoje amanheci gigante, gritando janelas e portas, antes de frestas. Colorindo os passos em vez de papéis sozinhos. Fico grato que aquelas palavras tenham sido ditas. Ficarei para sempre imenso por elas terem sido ditas por você. J.M.N.

3 comentários:

Wagner Dias Caldeira disse...

é netinho, quando algo sem nome nos rodeia e nos enlaça devagar, quem vem com a palavra e tudo mais, sempre vem nos puxando dos precipícios e dos nossos cantos escuros. Essas sim, são merecedoras de todo o nosso amor.

Anônimo disse...

Tens toda razão...

José Mattos disse...

De fato meu amigo. Todo amor entregue. Todo amor usufruido.
Todo amor.

Querer menos que isso é estupidez!

J.Mattos