segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sobre o que não foi

Enquanto houver dias depois de meu sono, haverá um lugar para guardar o cheiro, para ocupar-me por inteiro esta saudade do que nem sequer tivemos.

Alerta-me o sentido do tato, as paredes por onde estivemos escondidos falam, pronunciam os nomes da cidade em que moraríamos, da filha que teríamos no ano seguinte.

Adoça-me a esperança esse canto, essa música passageira de janelas entreabertas para o campo. O verde não era à toa, afinal. Perto da casa, uns bichos se amavam livremente e dentro dela, consortes, trazíamos orientes à calma dos lençóis.

Isso que sinto, acocado entre a liberdade que determinei para meu corpo e beijo, essa efusiva novidade de ir e vir do desalento, como nunca inconstante, companheiro mais que tormento. É a coisa fundada depois de tua ida. Não apenas um informe, mas um decreto. Algo sem nome que me sabe à tua pele, à tua loucura, a tudo aquilo que era para ser e não foi. J.M.N.

4 comentários:

João Felinto Neto disse...

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

João Felinto Neto

willianna wendhela disse...

adoroo ler os teus textos me deixa mais leve e me traz um pouco mais pra perto de ti!

Larissa disse...

Neto,

Quem diria que um dia te tornarias um poeta?!?
Parabéns pelos textos! Preciso confessar que algumas mensagens me trouxeram de volta a uma época tão linda da minha vida: minha infância/adolescência.
É sempre bom reencontrar pessoas que fizeram parte da nossa história.
Beijos.

Larissa

Anônimo disse...

Oi minha amiga,

Quanto tempo. E que felicidade ler que fiz parte da tua história. Uma confirmação para aquele passado sensacional que compartilhamos.
Seja sempre bem-vinda.

Um beijo,

J.Mattos