Enquanto houver dias depois de meu sono, haverá um lugar para guardar o cheiro, para ocupar-me por inteiro esta saudade do que nem sequer tivemos.
Alerta-me o sentido do tato, as paredes por onde estivemos escondidos falam, pronunciam os nomes da cidade em que moraríamos, da filha que teríamos no ano seguinte.
Adoça-me a esperança esse canto, essa música passageira de janelas entreabertas para o campo. O verde não era à toa, afinal. Perto da casa, uns bichos se amavam livremente e dentro dela, consortes, trazíamos orientes à calma dos lençóis.
Isso que sinto, acocado entre a liberdade que determinei para meu corpo e beijo, essa efusiva novidade de ir e vir do desalento, como nunca inconstante, companheiro mais que tormento. É a coisa fundada depois de tua ida. Não apenas um informe, mas um decreto. Algo sem nome que me sabe à tua pele, à tua loucura, a tudo aquilo que era para ser e não foi. J.M.N.
4 comentários:
PEDESTAL DE BARRO
Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.
João Felinto Neto
adoroo ler os teus textos me deixa mais leve e me traz um pouco mais pra perto de ti!
Neto,
Quem diria que um dia te tornarias um poeta?!?
Parabéns pelos textos! Preciso confessar que algumas mensagens me trouxeram de volta a uma época tão linda da minha vida: minha infância/adolescência.
É sempre bom reencontrar pessoas que fizeram parte da nossa história.
Beijos.
Larissa
Oi minha amiga,
Quanto tempo. E que felicidade ler que fiz parte da tua história. Uma confirmação para aquele passado sensacional que compartilhamos.
Seja sempre bem-vinda.
Um beijo,
J.Mattos
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