terça-feira, 9 de novembro de 2010

Something Changed (ou “mesmo que eu não fosse”)

Se eu tivesse escrito dez canções de amor, seria pouco. Se houvesse certezas a mais em todas as vezes que eu disse que te amava, seriam sempre exageros mundanos, pois tudo que fui, aconteceu em outra atmosfera. Talvez idílica ou fugaz, porém nossa. Universal na integridade do que te oferecia. Inteira e completamente. Nenhuma das tuas perguntas cabia naquele instante. Sei, ao certo, que algo mudou.

Hoje perguntaram se eu ainda penso em ti, pois jamais me ouvem gritar teu nome. Achei engraçada a pergunta. Que gritos são mais absurdos ou brutais do que aqueles que saem em silêncio? Mas não lhes digo nada. Apenas sorrio. E as dúvidas talvez se dissipem, talvez aumentem, não importa. Depois que me calo, te peço desculpa baixinho. Pela indiscrição das pessoas, pela falta de explicação de minha natureza.

Alguma coisa mudou. Quis muito ser diferente. Hoje não. Se acreditasse em entidades celestes, eu diria que és uma delas, pois mesmo quando não existe a tua presença, estás aqui. Ora calando, ora empenhada em me dar voz, fazer sentir. Mudando meus humores. Onipresente. Quando acordei naquela manhã, não havia jeito de eu saber para onde íamos. E mesmo tendo feito de tudo para te perder, meu maior silêncio ainda indica que estás. Que me és, além de tudo e de todos. J.M.N.

Trilha sonora obrigatória… Pulp, Something Changed

4 comentários:

Anônimo disse...

As coisas sempre mudam por nossa culpa ou pelo tempo mesmo que passa sem parar.
Se sempre que mudassem dessem num texto ou num poema ou numa musica, tudo bem, mas as vezes mudam e apenas deixam tristeza.

Lindo texto

Lilian

Anônimo disse...

Sempre que quero sentir com intensidade recorro escondida ao baú que contém as lembranças de uma era de pertencimento. Sem que ninguém me veja, choro baixinho por tudo de bom e de ruim que se passou. E assim, finalmente me sinto viva novamente.

José Mattos disse...

Trancar-se para sentir com intensidade... coisas boas e ruins com a mesma magnitude. Olhando de frente, como nunca antes. Taí um exercício para poucos.

J.Mattos

Adelaíde Ferreira de disse...

É mesmo... Mas,como é bom fazê-lo, mesmo que resulte em algumas lágrimas... Isso, sentir, chorar, rir e mais é mesmo estar vivo!!
Pessoa agraciada és tu, moço...
: )