quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Apenas uma canção de boa noite

Hoje apertou. Doeu o dia inteiro e não dá sinais de passar. Cabe um litro de mertiolate na ferida, como uma boca para o meu desconforto de estar só. Rasga a pele e evidencia tudo que tenho dentro: amor, amor e talvez umas miligramas de desacerto, desmantelo. Acaba que eu tenho coisas a te pedir. Afinal, tanto tempo não se omite das prateleiras, das coisas que sonhamos um com o outro. Não se esconde tantos anos num único soneto de amor.

Mas acontece que tinhas razão. Eu não. Não tenho sombra nem flores, nem lenços brancos para usar na lapela. Acho que cago pro amor. Mas nem sempre foi assim. Uma expressão dura para a coisa que mais me consome. Sabes muito bem que sou um imbecil diante do espelho. Cá estavas e eu não. Pensei que me tinhas por mais importante e não vi que era para mim que deviam funcionar as expressões de boa fé.

Passa um dia e vem o outro e uma dúzia de nefandas cartas a sorrir seus endereços mortos no teu alpendre. Não me resisto. Cumpri meu erro – a men committed a crime, fell in love with this mind. Já não acho mal dizer. Então diz com tua força e teu teto. Ruge argumentos e espadas. Aponta as flechas que eu espero. Eu, minha sacola marrom, meus livros amontoados em todos os cantos da casa, a peça de teatro que escrevi em tua homenagem. Uma porção de coisas nulas nesse meu mundo de agora.

Canta baby, canta pra mim. Apenas uma canção de boa noite! Adeus!

J.M.N.

Trilha possível…

Nenhum comentário: