terça-feira, 23 de novembro de 2010

Porque não sei, porque não sei ainda!

A melhor oferta que tive foi a de um amor passageiro, a acontecer nos intervalos do trabalho, entre os vãos das escadas, entres os papéis estocados do porão. Três dias seguidos. E ainda teve o alerta de que não era certa a entrega. Mesmo na urgência. Decidi deixar de lado. Apesar do beijo. Depois foi uma série de abraços e comportamento redundantes. De lá para cá ousadias acontecendo desde os olhares aos toques sutis de quando se quer apenas perguntar por quê? Indo e vindo. Olhos e alardes feitos de qualquer coisa que estivesse na prateleira. E tudo se resumiu àqueles dias, novamente. O que queríamos no mais escondido pedido de socorro. No mais franco dos desafios. Enquanto íamos aumentando os gritos e querendo por à prova o que não soubemos pelas bocas dos demais. Era um tempo em que nenhum de nós tinha a certeza de que sairia vivo. Mas ainda assim chegamos juntos aos funerais das certezas e estivemos, horas e horas, deitados na chuva. Enquanto todos os outros personagens se iam e deixavam apenas as figuras e as inesquecíveis vistas parciais de nós dois. Andamos juntos por um tempo. Mas o destino cobrou seu preço. Cá estamos. Você em qualquer lugar sem cobertura de rede talvez vivendo, talvez sendo entendida. E eu abrindo mais uma vez as veias sem cadência alguma. Esperando meu amigo acordar para perguntar-lhe o que faço com o tom de perda exageradamente estampado em meus lençóis, nesses escritos que, juro, querem mudar de cor. J.M.N.

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