quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Claire

a Claire Flavie,
sous autant aspects mien mieux illusion. Nostalgies.

Tô com ela atrás de mim.
Digo, sentado num cyber café vagabundo de costas para mulher da minha vida que escreve cartas de amor para o namorado espanhol.
A vida é cheia desses absurdos, não é assim?
Eu sou cheio de coisas de não me cabem. E ainda por cima, tem o amor.
Hoje choveu. Fez frio. Tive diarréia e tomei um calmante.
O gim e a lata de chocolates de Bruxelas vieram depois... Claire chegou as duas,
- Oi! Você por aqui?
- Por quê a surpresa?,
Só eu pra me esquecer desse encontro. Duas semanas planejando e eu me esqueço.
As mulheres de nossas vidas deveriam aparecer com mais freqüência,
- Capuccino na biblioteca?, perguntei.
Claire é muito culta.
Eu sou tarado por mulheres cultas que citam orelhas de livros desconhecidos...
- É mesmo, heim? Não conheço esse tal Lautremont,
Claire é francesa e já dormiu ao pé da minha cama por inconveniência do álcool a dois. Sem sexo ou beijos, que fique claro.
Também tenho um enigmático, mas não desconexo, aproach com as francesas. Talvez fruto de uma precipitada fantasia por coisas ditas na lígua de Baudelaire. Uma mítica alusão à cúpula dos maiores amantes do mundo se enfileirando nos meus sonhos de garoto.
Isso eu deixo pra depois.
- Você fuma? Ela pergunta,
- Depende!,
- Gostei da resposta,
- Minha casa ou a sua?,
- Calma!
Putz! fui direto ao ponto novamente.
Calma ai arqueiro! Sentenciei-me silencioso. Smoke, gim e – Pardon! Eu toquei no seu peito?... Ai me deu vontade de escrever.
Claire sentada trás de mim.
Eu com a vida passando na janela e esperando, creio, a tal maconha subentendida na coversa-devaneio anterior.
Comecei a cartinha eletrônica, assim:
Eu tô morrendo de saudades meu bem (tenho uma garota do outro lado da tela)... Queria que você estivesse aqui... mas como você não está, tenho que achar amores por detrás das línguas sensuais e ficar imaginando conversas em cyber cafés vagabundos.
Te amo... sinceramente.
Claire se levantou... e eu continuei escrevendo:
Já te falei que adoro tua boca? E que nenhuma francesa vai me roubar de ti?
Também minto de vez em quando.
Claire! Você merece.
E minha sanidade, também.

J.M.N.

Um comentário:

Adelaíde Ferreira de disse...

Égua!!!! Brutalmente sincero... Mas... Se fosse mais a fundo... É um homem que procura algo fora de si e nunca se sentirá saciado...Enquanto não se olhar a fundo e verdadeiramente... Enfim... "Enough of" psicologismos...
rsrsrs
bjks...