segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Despertar

Finalmente água para minha sede
Os núcleos de minhas células expandidos,
esperando transformações
Quando fui á janela de madrugada,
já era meu dia, esse tempo que antes eu detestava
Na mutação da noite em dia, uma oportunidade
Senti as mãos dela avançando em meus cabelos
Alguns fios já estão cansados
E memória e saudade imensamente sentidas no vento da noite
Meu pai costumava trazer coisas para a gente, ao voltar das viagens
E eu esperava esses momentos,
pedindo que fosse um pedaço de seu braço direito, meu presente
Minha mão cuidava da ordem
Lei inata que arredava a gente da maldade aos trancos e barrancos
E havia aquele território de quilate incontável
Meu quintal
Onde eu podia pedir o que eu quisesse, e tinha
Onde eu era a parte mais importante
Às vezes acordo de madrugada aos gritos, sonâmbulo
Esperando uma noite como há muito tempo não tenho
Mas hoje o despertar foi manso
Como que tenha acordado por dentro
E a paisagem que vi da janela de casa era minha
O poema final dos anos mortos
Hoje eu acordei pensando o melhor de tudo isso

J.M.N.

2 comentários:

Isoldinha disse...

Também esperava por presentes do meu pai quando este viajava...me peguei pintanda paisagens em janelas imaginárias agora.Sensações boas ao pensar o melhor de tudo!

Isoldinha disse...

ops...pintando e não "pintanda"!rs