domingo, 13 de dezembro de 2009

Alarde

Agora ela se acostumou com a ausência. Vive cáustica e ousadamente no interstício do vento. Ao suspirar, rouba afetos dos demais como que por ofensa, rudez. Detida, ávida e insistentemente. Ignora as vistas espetaculares, os prognósticos de dor. Sentenciou algures que o som que ele emitia assemelhava-se ao de um velho lobo doente. Intrigante personagem aquela mulher. Numa semana estava deserta, acometida de solidão. Amena, fugidia e desimportante para os demais. Noutra semana despontou esquisita, universal, como os mitos de outros tempos. Seus argumentos e trejeitos enganaram aos mártires, aos desumanos e olha que só aponta suas verdades depois de olhar-se no espelho, em busca de verdades. Impressionante a sua presença. Mesmo aviltante, conseguiu muitas fugas depois de seus beijos e deixou um cheiro de eternidade que varreu a cidade das brigas e dos despejos por brigas de amor. Há que se ter cuidado com aqueles humores. Há que se ter cuidado com o que nos vai por dentro. J.M.N

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo, envolvente. Com toques de sensualidade explicita.

Maravilhoso.

Melissa

José Mattos disse...

"Nossos pensamentos mais importantes são os que contradizem nossos sentimentos." (Paul Valéry)

Completo dizendo que nossos sentimentos mais importantes são aqueles que contradizem nossos pensamentos.

Volte sempre.

J.Mattos