domingo, 13 de dezembro de 2009

Reconhecido

De volta a realidade. A vida engrena novamente. Já não estou com a responsabilidade de cuidar. De olhar os detalhes do dia para saber se eles estão bem, ou se as coisas que conversamos foram demasiado duras para provocar mudanças positivas em vez de fortes sentimentos de culpa e frustração. A menina triste que se encanta com sua descoberta. O cara mau que de repente derrama um choro represado de anos e põe-se a dizer que precisa de alguém. As pessoas vindo até mim, dizendo que fiz um bom trabalho. Conseguia dormir em paz? Ou era apenas o cansaço esparramado na cama? Que outras coisas eu ouvi naqueles dias que ainda não me chegaram à razão? De todos os olhos senti gratidão. Em todas as bocas um leve frescor de conhecimento e reconhecimento. Nas despedidas, os pedidos de voltar, as solicitações de encontros particulares. Estive longamente envolvido em minhas próprias coisas hoje. Dormi e acordei uma dúzia de vezes e em cada uma delas havia razão de encontrar a luz. Em cada reencontro meu com a vigília, lá estava um daqueles rostos contentes, acenando para mim o meu lugar nessa engrenagem. J.M.N

Um comentário:

Wagner Dias Caldeira disse...

Falo por mim e por nossos pares. Esses seres de expressão preocupada e sorriso permanente. O teu texto mostra que talvez esse sorriso não faça parte do ferramental do nosso ofício. Um sorriso, talvez, de quem se compraz de sua condição humana e que deseja a proximidade de outros humanos.