quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Reserva de chuva

Tenho em mim uma porção de chuva guardada para os dias em que o sol me enfeza muito. Tenho essas gotas que recolhi em muitas tardes durante a vida. Elas têm a força de conter os fogos, de acabar com as velas das promessas sendo ao mesmo tempo duras e frágeis, posto que deságuam para um lugar qualquer. Guardo essa chuva em segredo e quando o verbo me falta uso dela para acordar meu dentro, banhar minha saudade e me fazer lembrar que sou feito dela também. Ela é exclusiva de minha cidade, conforma-se nas nuvens de minha floresta e traz a história de meus ancestrais, daqueles que foram aqui gerados e dos que decidiram morrer por cá. Minha chuva interna não é triste, não vem apenas quando está nublado fora de minha janela. Ela vem, inclusive, quando lembro de seus olhos me mostrando a alegria de me receber, quando penso no desatino de quando dizíamos estar tudo acabado. J.M.N

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