quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Voltas

Pronto, a noite terminou e eu nem sequer perguntei-lhe sobre a sua infância, seus hábitos ou mesmo, pela razão daquele gesto estranho.
Serei obrigado a andar com ela, em silêncio, por todo o doloroso caminho até sua casa, pensei.
Nessa hora divaguei sobre as coisas que realmente me importavam nela.
Não consegui outra resposta senão, tudo.
Qualquer pergunta estúpida poderia acabar com aquele silêncio desconcertante, mas preferi uma piadinha infame e...
Lá vai ela, linda, calada e, provavelmente me odiando ou me chamando de idiota em voz baixa. Eu mereço.
Ai ela parou e ajeitou o sapato nos pés, equilibrando-se com a perfeição que eu esperava ver de novo nos pequenos costumes que ela tem. Lembrei-me de correr. Segurei-a pela cintura e disse, calma!
No susto, a admiração pelo meu retorno.
- Obrigada! Eu...
Um beijo... Só um.
Foi isso.
Sem qualquer pieguice de meia-noite: quase morro.
Um único beijo e eu estava para sempre postado naquele pequeno espaço de noite. As pessoas passariam anos mais tarde e veriam minha imagem envelhecida e feliz, envolvida num beijo eterno.
No fim daquela eternidade em que estivemos, pedimos conselhos silenciosos e acho que, ao mesmo tempo, decidimos nos deixar.
A primeira coisa que vi hoje de manhã, foi seu rosto ao meu lado.
Qualquer coisa quente e estranha me acometeu. Desviei meus olhos e procurei qualquer coisa que me dissesse que eu estava certo.
Sim, eu estava. Ela dormiu comigo.
Aliás, há dez anos que isso acontece.
Desde aquela noite aprendi a correr de volta. Socorrer um amor é coisa difícil.
Além do beijo, muitos segredos e devaneios.
Eu continuo acordando ao seu lado e acordo sempre com a precisa certeza de que fiz a coisa certa. Corri de volta e lhe beijei. O resto, pode ser qualquer outra coisa que não cabe aqui nessas linhas. J.M.N.

Nenhum comentário: