segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Desuso

A palavra teto é desabrigo, não está. Tantas noites a evocar tua presença, amor, que a porta escancarada nunca mais vai se fechar.
Conforme o dano, utilizo a cura. Conforme o desejo, utilizo a pele, o beijo, os múltiplos sons que vêm de mim.
Da palavra amargo somente o sumo. Azedo no finzinho da boca. E essa história tão boa a causar desgosto por não ter sido.
Deixei de utilizar veneno.
Mordo a carne das tuas idéias e me esqueço. Como tem de ser. Deixei de usar também a calma, um sono tranqüilo.
E o que tenho é nada mais que esperança. Esse palíndromo de desespero. O uso me cansa. Meu uso faminto das tuas costas nuas e cheirando a banho, apenas um delírio.
Como Noel: não vou por gosto/ o destino é quem quer. E o meu destino deixou de usar a prudência há tantos anos que toda essa saudade que sinto, tem a mesma indecência sentida de uma traição de amor. J.M.N.

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