Antônio pensava como tantos: seria feliz. Comprara uma casa de três quartos e um carro do ano. Tinha um bom emprego e iria receber o título de cidadão exemplar de sua pequena província. Faltou à entrega do prêmio. No outro dia não compareceu ao trabalho. Passou uma semana e todos procuravam Antônio, sem encontrá-lo. Um mês. Dois meses. Um ano. Certo dia o pároco recebeu uma carta. Antônio estava na Letônia. Morava num campo de refugiados. Tinha contraído tifo. Trabalhava catorze horas por dia e não conseguia compreender tudo o que lhe gritava o patrão. Explicava também que a trapezista do circo que passara no vilarejo um ano antes, havia se encantado dele. E terminava dizendo sua maior convicção: sabia que seria feliz. Estava sendo. J.M.N.
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