Tenho contado os dias de trás pra frente, como ele me ensinou. Tirante o fato de que ele morreu, penso que é uma boa saída para estas perguntas que me Vêm sempre à cabeça quando estou prestes a dormir. Aqueles dias não são minha vida, não fizeram tudo o que sou e, no entanto, dizem tanto de mim. Trazem uma multidão de adjetivos que poderiam muito bem descrever o que fiz, porém não o que sou. Isso não é uma desculpa. Tampouco uma explicação. Isso é o que é... uma conversa, apenas isso. E quando digo em voz baixa que queria ser feliz penso em ti. Quando subo as escadas do shopping e encontro uma pessoa amiga, queria estar contigo. Quando olhos os livros lançados no último ano, sempre vejo as letras do teu nome a se formar diante de meus olhos. Pior de tudo: quando penso em ir para casa sozinho é a tua falta que cabe em tudo quanto queria que estivesse dentro daquelas quatro paredes. Todas as cenas das quais me arrependi. Todos os usos indevidos da confiança que me entregaste. Toda a gama de feridas deixadas e a intranqüila notícia que tive dia desses me fazem pensar que fiz tudo errado e mesmo assim, não consigo encontrar razões para dividir o que encontrei. E mesmo que esses dias de agora também não sejam toda minha vida, a maior invenção que produzi nasceu neste interlúdio entre minha nostalgia e a conquista da minha solidão. Tenho planos de seguir vivendo. Arcando com aquilo que me cabe nos bolsos e trazendo a casa dos nossos sonhos entre as muitas linhas e gritos que ainda pretendo criar. J.M.N.
Para acompanhar a leitura… Let’s shake the house
Nenhum comentário:
Postar um comentário