segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Inventa que eu nunca saí

Convoca a mentira. Faz dela algo branco e com pétalas, inspiração para um pedido de socorro – um desejo de viver daquilo que estava ao nosso alcance. Inventa um roteiro, uma história de noites felizes, odores suaves e nada daquelas pelejas duradouras dos últimos anos. Desiste das prestações da tua casa e caça os ventos marítimos comigo, velas estufadas de nossos sopros de amor. Correndo pro norte, sempre adiante, inventa a minha fidelidade galante, minha tatuagem de sangue, meu diário de bordo com coisas apenas sobre nós. Me chama exclusivo, único, maciço aprendido entre tantas coisas duras em tua vida. E depois me atira no espelho, parte essa imagem que é menor do que podes vir a ser um dia. Colore os rabiscos, compra nanquim para os traços finais. Faz qualquer coisa para eu ser apenas teu. Faz qualquer coisa para eu ser sempre apenas comigo. Inventa que eu nunca saí. J.M.N.

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