quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Equilíbrio

A esse amor que parece contraído, vírus novíssimo dos pântanos que exploro. Por onde me meto a procurar espécimes de plantas raras e fósseis de animais extintos. Com afinco e graça dos beijos morenos que me redimem pouco a pouco.

A esse intruso que me rói tudo por dentro, que me obedece quase nada e se vinga ao mínimo sinal de meu abandono, como se fosse o maior dos traídos e não o mais traiçoeiro dos amigos de infância a desfazer os pactos e os esclarecimentos.

A esse dono dos meus postais, sob cujo domínio extirpei libras inteiras de minha carne, certo de que não era nada, a não ser a carne oferecida em devota comunhão e loucura. Banquete para mim mesmo. Oferta ao deus enclausurado.

A este espetáculo que a tudo engloba e planifica. Que tudo suporta quanto roteiro e interpretação, minha reza. Minha lira. Meu mais agradecido sofrimento, pois emanar seus ares nesses tempos de obstinada solidão é ter no peito um espinho, é ter a dor mais feliz do mundo como sinal de se estar vivo. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como uma noite lindamente vivia, esse espetaculo e mais que uma simples cronica, e vida acontecida.

Lindo, lindo