quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Porque santificado é o corpo que me rendeu descanso e paz

Antes de ser dela, era apenas um lugar distante isso que chamo de amor em seus ouvidos agora. Era uma serventia oblíqua às impossibilidades de um passado raso, logo atrás deste meu descanso de agora.

Antes de entornar meus pesadelos em ralos colossais para fora da cidade, eu costumava defender a única certeza que tinha com tamanho afinco que não suportava dizer que ela existia ao meu lado. Mas está lá. Está aqui.

Dorme, quieta e profundamente em meus braços. Açoitada por uma caminhada apenas. Sua dor é sabida e gerada de um dia na procissão que não acredito. Respeito os dons de quem sente pelos seus pés cansados e inchados de agora.

Ela é real e simplesmente sente. Como eu já não sabia que era possível. Cobra o que tem de cobrar e dá tudo o que tem. Ela renovou meus créditos com deus. Fez de mim um porto. Talvez não o mais seguro, porém um muitíssimo desejado.

Minha felicidade consiste em cuidar do seu cansaço. Entre o bem e o mal de nós todos, há sempre a divindade de velar o sono de quem se ama. Além disso, apenas escuridão e desapego. Sinto saudades do corpo dela doído ao meu lado. Sinto saudades de uma pessoa, enfim. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

que texto lindo. aliás lindíssimo.
comovente e forte, cheio de esperança, sei lá

Amei

Flávia