segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Desavença

Em luta sempre, queria provar-se. Queria ser definitivamente de alguém. Encontrava-se na casa dos trinta. Era linda e desejável. Mais incerta que os desvios da estrada recuperada. Andava ao largo de tudo. Encontrava feridas abertas e as fazia sangrar. Entendia de sulfas e antidepressivos, coisas que delongam as feridas, estancam as vontades como fossem os arcanjos da madrugada toda em elétrica parada. Era um sofisma. Insustentável. Sabia se colocar à disposição, mas ao fim e ao cabo era apenas dela mesma. Sua única pessoa amada. Fosse como fosse, foi desacordada encontrar seu fim. Naquele dia, uma manhã ardida num sol raro, ela entendeu que seria só mais uma conquista. Não era dona de nada. Nem de si, nem dos finais. Estava exatamente entre os condões de outro conto de fadas. E já não queria isso para si. Não queria ser deixada. Não queria ser magoada. Não queria mais ser apenas de si. J.M.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como ousas falar tão profundamente de mim desse jeito???
Nossa!!! parece que esse texto foi escrito para mim.

Bjim,

Tereza