Havia essa pessoa que me atirava flores quando eu passava. Sempre disposta a entregar-me olhares e beijos. Ela tinha uma voz que me incomodava e dava plenitude ao mesmo tempo. Uma pessoa que me enchia até o limite. Olhava para minhas pernas e dizia que eram lindas. Ninguém jamais havia me dito aquilo daquele jeito intenso e pagão. Ela sabia que eu precisava de tudo.
Um dia essa pessoa deixou escapar que tinha uma sede extra de eu ser só dela. Como um exclusivo ser que se rende à força do cárcere e desiste. Deixou escapar isso enquanto eu ainda jazia entre suas pernas. Uma convicção que me deu esteio, mas que também desfez a miragem que eu erguera de mim mesmo.
Nessa noite eu quase não dormi olhando o sono ela. Tive a convicção de que se partisse para mais um beijo como aquele, estaria perdido. O dia amanheceu e eu resolvi simplesmente traí-la, sabendo que assim, era ela que ficaria em dívida consigo mesma. E não eu. J.M.N.
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