quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Perguntas de Ontem XIX

Eu sou a tua escuridão. Sou a tua riqueza empenhada. As tuas tardes em frente ao rádio lânguido. Sou quando não tem palavras e o silêncio te engasga, são as minhas mãos envolvendo o teu pescoço num abraço lento. Em mim mora a distância que te afasta da razão e te achega ao desatino. Foram as minhas horas que te habitam que te enganaram quanto ao dia e horário daquele voo pra Belém. Veio do meu deserto o sal das tuas últimas lágrimas. Mas não tentes escapar, senhora. Como há de se fugir do que se leva nas entranhas? Como fugir do que está entranhado?WDC

Pergunta de ontem: Que seres habitam a tua noite?

4 comentários:

José Mattos disse...

Crisálidas e capitães de areia, seres sem rumo, sem tempo
Habitam-me eternos e violentos como coices de burro
Aspargos, glúten e outros temperos, amontoam-se
Minha noite é a resultante cíclica de eras hermafroditas
Onde todos eram tudo e complementavam senões a rodo
Não invernos ou sentidos, minha noite habitada por amargura
Que sentada faz da espera uma tortura, pois vai acontecer
Os seres que acuaram meu sono num canto são muitos
Natimortos, inclusos, ocasionados em cantigas e contos
Porém, são bem menos defensores cegos de horizontes
Cheiram mais a ti e tua roupa molhada de chuva em janeiro.

J.M.N.

Anônimo disse...

Meu amado me dando um beijo de boa noite. E ai ei acordo. :(

Anônimo disse...

Cupidos, na maioria das vezes... kkk.

Lia.

Renato Torres disse...

W.

não há como fugir do que carreamos vida afora, como lembranças e esquecimentos. mergulhados para sempre no oceano mnemônico, atônitos seguiremos inscrevendo vestígios sobre brancuras incautas.

bom te ler. e ainda aguardo a prometida entrevista!

abraços,

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