domingo, 17 de outubro de 2010

Um nome na pedra

Pardais cantam pousados por sobre ti. Estás dentro, bem dentro de tudo quanto me rege. Infatigável e prenhe como um ser vivente, mas és memória, outrora, passo dado quando eu morria de amor. És maior que os maiores cálculos de rim. Me dói agudamente pisar em teu nome quando acordo em susto. Dói como um novelo desfeito às pressas, sem saber para que serviria sua linha; deixou de ser e se espalhou agoniado. És meu noivado permanente com a morte, com a inocência sempre negada. Vejo meu pai deitado à tua porta, esperando nascer. Vejo minha mãe catando conchas nas tuas praias, sem sentido. A frater acometida de inveja, idolatria torta e mastigada.

Teu nome é mais que aviso. É um marco na légua primeira de mim. É subescritura de um romance antigo, ditado por histórias inacabadas. Eu procuro a estrada, o caminho. Segui-lo, apesar de ti me faz maior e mais exato. Quando acordei no dia de hoje, não eras uma pedra em meu caminho. Eras parte de tudo que carrego comigo. Não há perdão, pois não precisa haver. Não há derrame, pois minha circulação e minha pressão sanguínea se acostumaram à tua presença. Cansado e desperto, cantei uma música que aprendera com a desculpa de ser eternamente infantil. Isso libertou meus olhos. Cravei minha bandeira em teu coração. Qual fosse novidade para teu temperamento de estada, de permanência, me deste silêncio.

Teu nome abordado por meu grito foi apenas o começo. J.M.N.

Para ler escutando. Porque nem tudo é o que parece ser…

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