Liguei para quem podia escutar o que quero dizer. Não era para acontecer resposta. Apenas o silêncio. Falar nessas circunstâncias requer um eco que apenas se sente dentro, no epicentro do sentir, pulsar vibrante que é saber-se igual a outrem. Liguei para saber-me infeliz no estar, no permanecer. Uma causa que não resguarda brilho ou moral de jeito algum. Ficar só por ficar. Para ter meu quinhão na promessa dos outros. No ocaso de vidas sem ímpetos ou realizações. Liguei para escutar sins. Enquanto eu falava todo o plano para ser gente e completo, ouvia lembranças de tempos antes de eu ser isso que acontece estragado no espelho: estava tudo escrito, não tem remédio. E ao lembrar de quem me disse isso, fiquei feliz. Afinal, havia quem me soubesse em 1986. J.M.N.
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