Para Francesco e Nadine, em algum lugar do mundo
Voltou por onde viera da primeira vez. Seus passos ainda estavam lá, chocando o tempo agoniado do escape. Era uma fuga. Era uma animação maior que todas as festas da cidade juntas. Era necessário outro caminho, pensou. Logo, logo não precisaria não, terminou seu sorriso já além do que não podia. E foi. Correu pelo sereno da madrugada, sempre com a carta dele à mão, apertada no peito. Corria que era quase como escapar de si mesma. Às duas da manhã, chegou ao lugar combinado. Ela trazia suprimentos para a fuga. Pão de ló, frutas frescas e água pouca. Ele a estava esperando, calmo e sorrindo para o luar, conjuminando o feitiço dos lábios dela, com as coisas que ainda não conhecera de seu corpo e sonhos. Ela abrandou os passos e correu por trás dele para dar-lhe um beijo. E nisso ele pulou, e a corda soltou-se de sua mão. A correnteza estava forte. O barco foi indo, ganhando força. Descendo o rio como numa corrida de vida própria. Ele se virou num susto e disse a ela, olha nossa liberdade indo embora. Depois de um segundo sem ar, ela virou o rosto dele que estava prestes a sucumbir na noite e disse tranquilamente, a liberdade a gente já tinha, resta saber como viajar nela. Até onde sei, tudo deu certo para eles. J.M.N.
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