quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Curtas Mensagens e Nomes Sozinhos – finalmente no prelo

Desde que fui morar fora por uns anos no começo dos anos 2000, comecei a coletar seriamente alguns escritos que iniciara nos anos 90, quando tinha mil tardes com nada para fazer e sentia, sinceramente, que iria morrer muito jovem. Coisas de personagem Camuniano.

Fato é que este trabalho de coleta que já acabou há algum tempo, teve sua primeira revisão feita pelo Wagner Caldeira e voltou para a gaveta. Algum tempo depois incluí coisas novas e, desde a última revisão pessoal, conto uns seis meses.

Resolvi encarar um conselho editorial e parti para uma conversa com uma editora para lançá-lo.

Então, anuncio em primeira mão que dentro em breve (espero realmente ser brevíssimo) lançarei um livro de escritos inéditos, chamado Curtas Mensagens e Nomes Sozinhos. E, como não estou concorrendo a nada, deixo uma prova do que será. J.M.N.

Mensagem primeira

Não é preciso falar em reconstrução de fatos, em histórias copiadas, vividas por mim ou outrem. Não se pretende falar de ninguém, tratar de nada específico e mesmo assim, isso poderá acontecer. Não há reproduções propositadas dentre os escritos, não há pesquisa biográfica ou intromissão intencional. Há sim muita fome de dizer, muitos ecos de coisas mudas, muitas noites mal dormidas e pertencimento. Há, nas linhas a seguir, a matéria que reside em tantas páginas do mundo, em tantos olhares de busca, em tantos desatinos e em tantas vidas desconhecidas e, por causa disso, talvez, há muitas coisas que reconhecer e estranhar.

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Mirabília

Quando as horas inoportunas desse sono desperto atraem memórias desagradáveis, lembro-me dela e deixo suas heranças devorarem meus tédios de solidão e o acre sabor do que ficou inoculado. […]

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Selvageria

O sangue deixou-se espalhar no silêncio do ventre e estancou. Elixir condensado da matéria viva que emanava dela. […]

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De mudança

[…] Os vizinhos olham remotos, como se fosse a derradeira platéia de um espetáculo muito antigo. Tão antigo que parte integrante de nossas próprias vidas. Ou simplesmente eles estão ali, entes vizinhos a morrer por dentro diante de nós, sendo encobertos por nossas sombras que vão aumentando, aumentando, aumentando. […]

2 comentários:

Anônimo disse...

Te conheci em 2000 e desde lá estás maturando esse livro. Que bom que resolveste publicar. Do que conheci, tenho certeza que será bem aceito.

Sorte e saudades,

M.C.

Anônimo disse...

Meu lindo, você no papel. Tude de bom.

Flávia.