terça-feira, 11 de maio de 2010

A maior verdade

Eira nem beira. Nada me eleva. O moirão fincado para minhas lágrimas padece. Aquela mulher não pode ser ela. Não pode ser tudo isso que me encima. Não quando era eu que ornava ventos e me chamava a mim mesmo de poeta. Quando construí meus brinquedos de palavras pensando em dar-lhe. Não pode ser ela mais uma vez. Que quando uma coisa em mim aumenta é porque já está no fim. Olha o fim do mundo, na outra margem do rio. Onde a canoa me deixa toda a vida a esperar que volte. Indo e vindo. Não caibo nestas linhas. Queria de estar provando seu leite que é igual a um viver muito sentido. Minhas mãos tinham rumo e agora, só têm linhas. Nessa estrada que acaba à tarde de agora ela vem vindo. Como nunca veio em milhar de ano, como nunca foi contada em folhinha. Ela vem que nem a própria estrada e eu vou nela despercebido. Vou me fazendo que nem ela sabe. Para esperá-la. Para ser eu apenas, seu andarilho. A estrada que se faz nela, conheço desde antes de acontecer-me a vida, desde antes de eu correr para o rio. É uma importância mais imensa que a água líquida desse mundo, que o rumo mesmo em que vou sozinho. J.M.N.

2 comentários:

Anônimo disse...

bem diferente esse texto. mas muito bonito. amei.

Lua

Anônimo disse...

Lindíssimo esse texto.

Bjs.