terça-feira, 25 de maio de 2010

Para as meninas que amamos 4

Levaria tanto tempo para enfrentar aqueles dias. Para resumir as conquistas, desde o primeiro voto. As coisas por que passamos. Noivos, amores, alegrias de fim de tarde, a infância até. Um trabalho para ternos, agora pede um salto alto. Amor por coisas que nem sequer foram inventadas, nascem de nossas formas e maneios. Dá certo cansaço pensar que ninguém nos lê como devia. Que estas veias abertas estão cheias apenas de sangue. Inútil pedir para que nos encontrem de fato. Não mexemos os cabelos para os bobos de plantão. Há um código inusitado que nos mostra até onde podemos ir. E com o mesmo delicado trejeito de arrumar os olhos no espelho de bolso é possível estancar uma vida, deslindar a escondida euforia de quem jamais havia pensado em ceder. Não há uma chance sequer de unirmos os vícios. Estamos entre paredes, pensando coisas exatas e ao mesmo tempo diferentes. Essa capacidade é demasiado específica de nossa espécie. Nada cabe nesse pacto de antigamente que nos envolve. E que haverá de ser sempre o limite das coisas secretas que outrora entregamos. Abre-se espaço para planetas longínquos e para a suavidade de meias de seda pensadas para fazer a diferença nos salões de baile. Nasce um plano de conquista irrestrita e na mesma mão que se acomoda o peito do ser que amamos, cabe a certeza de que existimos por necessidade. A nossa e a deles, tal como a sabedoria dos tempos insiste. J.M.N.

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