domingo, 9 de maio de 2010

Como em um bolero

Fui acusado de fingir amor. Porém garanto, isso não sei fingir. Porque sou dentro dele o que sou. Porque o tive em minhas vestes mais pueris. Porque o tive desde sempre, desde antes de vir. Fui acusado de querer demais, de viver com o paladar a pedir novos sabores. Não sei. Tanta gente pede gostos que logo passam. Eu quero passados que virem logo gosto. E passado pode ser um só segundo. E como gostos, ficam lentos a gritar bis. Voltam como feixes de riqueza e mundo, como copos de teor vivido. Lugar de dois mesmos que se encontram é para sempre. Nunca a ouvi repetir uma canção. Fui acusado de ter feito o que não devia. E vida não devia fazer diferente do que se queria ou pretendiam os mal feitos para amar. É estranho o ócio desse tempo. Mas eu estive. Mudando o que me era possível mudar. Estou certo agora disso e esse meu fragor de desistir se borra de medo do que insisto nos dias. Vou por ai, cavando as cidades. As de fora e as de dentro. Vivendo o infinito que se me apresenta. Pode ser por um segundo que eu sinta, mas o que sinto, para dentro desse segundo, é infinito. Pois foi assim que eu aprendi. E vem de antes do meu húmus o que sei. E não quero esquecer, pois que senão não me existo. Fui acusado de acabar com tudo num só minuto. Porém mereço os suspiros que me aumentam. Pois que cada pequeno ar que me entra, invade minha contagem de horas e percebo que aquele minuto indevido, foi apenas uma gota, no mar do tempo de eternizamos – eu e ela. J.M.N.

2 comentários:

Isoldinha disse...

Tive agora, ao ler o que escreveste, um momento de nostalgia/saudades dos sabaraus na casa do Gustavo.Saudades!És pura emoção no que escreves!Beijos.

José Mattos disse...

Linda isolda, minha amiga!
Que bom te ler por aqui. Onde andas?
Não nos percamos mais.
Sabaraus, sim.
Tempo maravilhoso aquele. Precisamos de um reencontro...

Beijo grande,

J.Mattos