Era pura unidade nosso beijo. Pura dor assistida pelo encontro. Maior que fosse o esgotamento tínhamos um ao outro. Os pedaços feitos e acasalados como mamíferos da selva, procriaram e surgiram daí as multidões de estranhamento e céu e fogo cruzado. Uma noite dessas estaríamos mais fundo que o mais fundo dos olhares celestiais. Nossa gruta particular. Cada peito enfrentando os medos, feito espeleólogos muito capazes, porém mortos à claridade feliz de dias acumulados, poltronas de leitura e cães com pedigree. Nossa vida fotografada no imaginário dela era um quadro impressionista, fase indescritível. Vendável apenas para os mais antigos nomes de nossa casta. Cujos passos se repetem entre estes entes de agora. Cuja flor é triste e faz sangue desde sempre. Morreria por mais uma unidade completíssima daquelas. Bocas mascando-se, invejáveis. Era por isso que todo resto fazia sentido. Era por isso que os outros me chamavam de inquebrável. J.M.N.
6 comentários:
Ler isso fez brotar (literalmente brotar) em mim o desejo de uma intensidade de sentimentos que há tempos deixei guardado.De onde vem isso tudo?(suspiro)
Como consegues exprimir tanta energia?(quase te escuto daqui).
Que bom que conseguiste guardar mesmo que por um tempo, estes tão potentes sentimentos. Em mim, são a força propulsora de tudo. Guardá-los é como instalar uma bomba relógio dentro do peito.
J.Mattos
Lindo texto... parece a Clarice Lispector em sua melhor forma de sofrimento.
Lia
Uma bomba relógio dentro do peito...talvez eu esteja assim, prestes a explodir!Bom ter/saber/sentir sentimentos que nos faz sentir realmente vivos.
"sentir sentimentos" é redundante, mas é isso aí!rsrsrs
"Morreria por mais uma unidade completíssima daquelas. Bocas mascando-se, invejáveis."
Putz, isso é maravilhoso.
L.
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