Ouço gotas caindo, em algum canto da casa. O único som que preenche o ambiente. Por fora em letras a forma frágil da obra de arte, a cadeia dos sentimentos de ainda há pouco. Vejo a lua nascendo e indo embora por uma pequena janela nesse meu estado cárcere. Obrigo-me a idéias de soltura. Rasgo o poema antigo. Não era bom o suficiente. Como nada será neste instante. Preciso de campos abertos e ventos uivantes. Preciso de achados, perdidos e outras misturas voláteis. Mais um gosto nascendo acre em minha boca. Mais uma gota explodindo no fundo de algum lugar em mim. Lembro dela, a perguntar sempre. Querendo saber de eternidades e tratamentos de beleza. Lembro dela andando na chuva, provavelmente. Lavando-se do que disse sentir nojo. Uma perda. Perda de si. Quando escapei não fui a Praga ou Bolonha. Fui direto para a copa de uma macieira. Esperando os evangelhos me salvarem. Esperando a boa nota da canção feita para ela. Sempre ela. Vaga a visão que tenho daqueles dias. Dias de ontem e sempre. Dias em que fui mais guia do que mensageiro. Dias em que a razão abandonou completamente a minha epiderme. J.M.N.
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