terça-feira, 6 de julho de 2010

Minha saudade sabe a cerejas nativas

Para S.C. distante de mim apenas nos mapas

Um mirante de onde se via o vale. O rio imenso no qual eu deitava a mansidão do dia. Uma presença inusitadamente atravessada em minhas mais cordiais alegrias em terras de lá. Levantei os olhos e ela estava formada entre o horizonte daquele lugar e a cadência da descoberta de um outro sorriso. E eu esperava segurar sua mão e ajeitar quietamente seu sono um dia. Hoje o dia começou assim, as velas soltas das barcarolas de minha saudade subindo o Tejo a todo vento. Soprava um frescor de pensar em tudo que deixei por lá. Um sorriso, amigos negros, outros brancos. Deixei verdades e mentiras. Algumas sabotagens. Minha saudade acordou num vale imenso, cheio dos olhos dela a me chamar de volta, cheirando à mesa de sua casa aberta a mim. Cheirando às cerejas apanhadas em seu quintal. J.M.N.

Um comentário:

ana sofia disse...

todos os dias leio este poema e vôo para longe, para onde tudo era tão fácil e não foi.


saudades


ana sofia