sábado, 17 de julho de 2010

Dezessete e trinta

Para Adriana, com amor

Vou começar com uma frase do livro que ela me deu, dez anos atrás: amor que ancorado encontra seus horizontes no soprar do vento. O inverno prolongou-se naquele ano. E eu estive quase certo que amaria antes do réveillon. Naquela praia, distante de todos fiz as primeiras promessas. Jurei que estaria ao seu lado neste dia que chega já, já. Não tenho mais verbo para desculpas. Resta o amor manso que está plantado em relva própria, no quilômetro primeiro de alguma estrada dentro de mim. Este dia é seu. Como queria que fosse meu. Vê-la chegar aos portões de Tebas, mulher feita, respostas em todo lugar. A primeira a vencer esfinges tão atávicas. Como queria vê-la acordando com meus presentes lhe adorando o corpo. Lençóis macios, algodão e seda. Mas há distância. Ainda sinto a areia sob meus joelhos, entre meia noite e um bocadinho mais. O mar rajava suave. Ela nunca ouvira as tais palavras, me disse. Minhas curtas mensagens são dela. Meus nomes sozinhos. Ouvindo serenatas que nunca fiz e pensando nos buquês com olhos-de-gato, bem azuis. Seu sorriso incrustado diferente a cada dia. Ela me deu razão. Me deu sentido. Delineou o meio fio de tantos caminhos que tomei. Nunca lhe disse isso o suficiente. Jamais me perdoarei. Em seu renascimento não poderei dar um beijo de bons sonos, de boa vinda e renovação ao mundo. Não poderei sentar ao seu lado no fim da festa e ver que tudo quanto à fez cristalina e bela neste dia, não veio do brilho das velas acesas no escuro. Não veio das palavras dos outros que a reconhecem. Não veio de um ponto desconhecido na manjedoura celeste. Veio do que ela é. Do que eu sempre saberei que deixa este meu mundo inconformado e tectônico tão melhor e feliz. J.M.N.

I've made a Mess...

2 comentários:

Drica disse...

Obrigada pelo presente...descreve o início de uma história linda, que com certeza me ajudou a ser a mulher que sou hoje.

Beijos

Anônimo disse...

Nossa, que lindo mesmo...