terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Palavras de Ontem

Sou grato à brutalidade desta escrita

por me deixar preso ao nó da gravata,

bordejado entre o enforcamento e o sustento.

Se não me mato ou surto

é porque assumo esse desatino de entranhas,

a estranha ostra do avesso que se consome e se engendra.

 

Se perco tempo em demasia

a procurar todos os sentidos da palavra caco,

é pra que num mosaico se organize

o que não é mais inteiriço

desde que partistes.

 

No mastigar sempiterno

destas palavras de ontem,

reconheço as mãos que levantam os esteios

[das manhãs de segunda-feira,

são as mesmas que afundam os dedos

nos pêlos tensos de um lobo insone.

WDC

4 comentários:

Anônimo disse...

Não sei mais trabalhar sem o blog de vocês aberto numa janelhinha ao lado das minhas planilhas.
Estas Palavras de Ontem são sensacionais.

Abraços,

Bruno Nelson

Wagner Dias Caldeira disse...

Bruno,

Escrita é remédio. Além de conter nossos estremecimentos, ainda nos aproxima de pessoas amigas como você.

Obrigado

José Mattos disse...

Irmão,

O poema é maravilhoso. Há anos venho pedindo para que retomes essa linha. Sei, apesar disso, que não é simplesmente atender a um pedido. Sei que há etapas entre estas linhas e muitas noites mal dormidas e muitos telefonemas angustiados. Mas o que vejo de melhor é essa fome que nos une. Essa brutalidade delicada que nos conforma e tira do prumo. Sem o quê, a vida não passaria de um acúmulo de dias.

Claro que gostei.

J.Mattos

Unknown disse...

POis é, seus feiosos, depois de muito tentar, tentar, tentar, consegui abrir a página. De madrugada. Mas valeu a pena. Pena que agora tenho que ler outra coisa bem menos interessante, kkkk.
beijo IMENSO!