Eu amo a tudo o que me deixou. Todas as pessoas, todos os cães e jasmineiros. Amo as palavras que me percorrem e o erro de seus caminhos. Amo decerto a letra morta, os que vieram antes de mim por este caminho de descortinar-se através do verbo. Amo os sons e objetos de meus quereres e suas sombras. As mais valiosas relíquias das perdas e dos naufrágios. Amo as exéquias de meus ancestrais e as inaugurais filantropias que herdei. Amo o barroco, as filigranas e a fé, ciência mais que humana. Amo Borges e seus radicais limites. Amo Bogart e seus três whiskys a mais. Amo Cardinale e Martina. Em meio à sesta da tarde, amo as avencas, as imagens que me ocupam o longo espaço do que sou. Amo estar, ser, produzir. Amo, ademais, o que não era para amar e neste reino antiqüíssimo e distante, encontro razão nos dias, horas que passam sem sequer notar. J.M.N
2 comentários:
lindo...
Lua
que bom que tuas linhas existem ;)
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