sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Posologia

A usar quando for impossível esquecer. Quando naquelas manhãs sem sentido, à porta golpeia a náusea. Nenhuma benesse na alegria. E como não há pinturas, aquarelas ou acrílicos, não há como impressionar o dentro alheio senão fitando-o e chorando longamente. Deve-se inclinar sobre os papéis, os poemas antigos, as coisas que não dizem mais nada e buscar. Não a razão que essa não suporta a convivência, de tão árida e intolerante que é. Há que perseguir a profunda potência de sustento do mundo escuro que são esses momentos. Onde a traição é apenas um dos caminhos. Quando o beijo em boca outra é mais que um coice em nosso peito. A usar de maneira infinita se a noite permite uma vigília cúmplice da dor que a manhã trouxe. E de tanto pensar que é impossível segurar, o sal das lágrimas contamina o ambiente. Há quem diga que isso é doença, protesto deficiente de quem não se suporta. Há quem diga ser a única linha viável, o único escoadouro do que é intangível nos outros. E eu que cansei de esperar respostas e me atirei na imensidão escura do que ninguém mais quererá conhecer em mim. J.M.N.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parecem até sair da boca de uma pessoa muito proxima a mim.

Gostei!

Kelly

José Mattos disse...

Talvez sejam... já perguntaste?

Anônimo disse...

Não precisa. Ela fala isso direto...rsrs

Obrigada!

Kelly

Anônimo disse...

retificação: Ela por ele.

Kelly