terça-feira, 8 de novembro de 2011

Aonde irei

Irei de volta a Santiago na mesma rota
Circundando o veio entre os reinos, irei
Orar na mesma catedral longeva
Na mesma hora de antes, eu irei certamente

Irei à pluma dos teus cabelos longos
E de dentro da suavidade deles sentirei
O quente do lugar de retorno, o frescor
Com o qual anos antes te iniciei, iniciamos

Irei à partida da história, diário em punho
Perguntar aos primeiros dementes quem sou eu
E quem sou tornará a ter o sentido dantes
Aonde irei, senão à imaculada proposição do ser?

Irei até à sesmaria intacta, à terra neutra
Irei verdejar de esperança sei lá aonde, eu irei
Enluarado no pernoite eterno antes do sono todo
Premente e aceito pelo perdão dos deuses, eu irei

Irei ao sopro da vida una, à colina dos sentidos
Irei ao lugar de pouso do dragão centelha, azul cobalto
Irei flanar em heroicos atos, fazer-me presente
Aonde quer que esperem por mim, pra lá irei

J.M.N.

Toledo, 27 de Outubro de 2005

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