sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O que mais?

Que mais nos sorteia entre os esquecidos senão o amor? Que mais em vento vem lufando as migalhas que antes, agachados, procurávamos? Senão o amor, de que vale a aventura de uma vida toda neste mundo e de mil vidas enfileiradas no mundo de lá? E a ti que sentes e não recordas quando flores se abriram à tua chegada, que mais importa? E a mim que farfalho dedos na imensidão da cama a sós, que mais me pode resolver?

O amor de pele lisinha que avançou na chuva. Aquele amor como miríade que vem trilhando caminhos em minúsculos passos um por sobre o outro. Esse todo amor potente que azucrina quando ausente e se empedra mais quanto mais queremos dele soltar os pés. O amor que vem escrito no beijo, naquele arrependimento tão medonho que não sai nunca em palavra – o perdão por si não ama, apoia-se no amor para seguir a luta.

Que mais te fará o bem precioso de um abraço, senão a cobertura corpórea daquele que amas? E a mim o que impedirá suicídios com suas redes de proteção e desafios diários? Se não for o amor, o que mais penderá do teu sorriso quando depois de um golpe fatal, puderes ainda escolher tua casa de para sempre? Onde mais a destreza de nossas culpas falhará senão diante do amor a coser seus retalhos nas costas dos maus feitos, por sobre os erros mais inseguros?

Aquele mesmo amor do homem Cristo que não sei se vem se veio – mas desejo. Esse sustento portentoso que me enchia de medo e fome e agora me sacia comumente. Esse amor de virilidade indiscutível que não recua quando se pede a calma entre as loucuras. O amor que não envaidece e apenas se destina ao centro da gente sem pressa. O amor de uma legião de fugitivos que mesmo imperdoáveis, puderam morrer nos braços de alguém. J.M.N.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hoje, os poemas aqui escritos...parecem ter sido escritos pelos sentimentos que invaidecem o meu amor e o meu amado.

Esse ultimo poema traduz o que tô sentindo no momento.

Kelly

Anônimo disse...

Perdão: Envaidecem.

Kelly

Anônimo disse...

"O amor que não envaidece e apenas se destina ao centro da gente sem pressa. O amor de uma legião de fugitivos que perdoados, puderam morrer nos braços de alguém."

Essas palavras são lindas. dignas de um rande escritor.

Luciana