segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sobre vícios, folhas de acetato e algumas dúvidas

Tornar-se líquido, bebível. Transformar-se em substância a sorver. Básica, ácida, colorida naturalmente ou com pigmentos inventados. Ir para dentro de alguém. Habitá-lo, fazer parte dos sistemas, passageiro das sinapses, aludir necessidades de corpo inteiro, causar a pressa absurda pelo alívio. Ser mais íntimo que qualquer sentido permite ser. E repetir-se. No mesmo e arrebatador querer do dia anterior.

Permitir as verdades de alguém traduzidas em nós. Sobre nossas próprias verdades. Ser de nada, ao menos uma vez. Nossa pele transparente ao quesito alheio. Os riscos porosos de agarrar e nunca apagar traçando rios, ilhas, palavras soltas e espirais. Nosso deserto elástico a receber definitivos arabescos, retrações, filigranas bem resumidas e tão delicadas que o breve passear de dedos suscita a vida, o despertar de todos os anos de adormecimento compartido ou solitário.

Quem pede por isso? Quem se atreve? Quem deixaria a vergonha seguir seu rumo e pintar a si como a todos os outros intrusos da felicidade? Qualquer coisa precisa ser dita. É necessário o caminho seguir. É desgraçada essa impetuosidade por manter-se, não mudar. J.M.N.

3 comentários:

Dudu Neves disse...

Meu querido Neto!!! suas linhas atravessam duvidas e as sonsas certezas, são capazes de tremer o ser e o estar. Aqui em seu ninho de pensamentos, é o porto seguro de nova inspiração. grande abraço fraterno.

José Mattos disse...

Caro Dudu,

Uma honra sua visita. Tô há um tempão guardando as felicitações para quando te encontrar. Seu último trabalho está um primor.

Abraço irmão,

J.Mattos

Anônimo disse...

Tuas palavras um refúgio. Inspiradoras!