sábado, 22 de outubro de 2011

Memórias da chuva

 

Chuva é de ficar.

Suspender-se de obrigações,

De comprar o pão, a quarta de café.

Chuva de mãe chamar pra despiolhar o cabelão.

Passar o pente e contar histórias,

Tirar os bichinhos da cabeça e

Enche-la de desatinos -

O poeta e seus começos.

Chuva de sentir aquela tristeza delgada,

O olhar comprido

Pros irmãos breados de distâncias,

Pro pai vestindo seu silêncio mais verde.

Chuva que embarca uma moleza no coração da tarde.

A coragem única vem dos cupins que criaram asas,

Dos amigos em poças surgidos.

Chuva de doer macio,

Que até as horas se ajeitam no calorzinho do ponteiro,

Que até o coração se agasalha na saudade. WDC

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