quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A história mais triste jamais contada

Esqueça os romances de época, a trilogia tebana ou os sonetos de Neruda em cujas linhas suspeitamos letra a letra não sabermos nada sobre o amor. Esqueça os personagens históricos em cujas vidas baseiam-se as parábolas sobre a ordem do amor e da expressão vocativa e potente sobre sentimentos nobres a uma outra pessoa. Esqueça o que aprendeu em análises pessoais, dentro ou fora do consultório, em casas suspeitas, em peitos ou braços de aluguel. Diga adeus aos rabiscos, aos cadernos da infância, às primeiras cartas de amor, escritas em papel escolhido e com um perfume que o tempo levou, mas que a memória ativa independente de estar lá. Risque dos mapas as rotas de fuga, as casas em que planejou morar junto com alguém. Passe a flertar com a transigente presença das pessoas modernas, ávidas por novidades diárias. Veja os tornozelos e pernas expostos, sucumbindo ao variado desejo de rua, de quem não poderia desejar liberto. Pense naquele verão em que tinha tudo nas mãos, mas os dias acabaram e a presença daquele ser amado à décima potência no mais curto segundo da vida. Esse é o ponto. Esse é o beco dentro do qual se revelam átomos a mais para nossa energia de ser. Um escaninho esquecido que de repente vem à lembrança trazendo à borla os melhores momentos de nossa alma. Quando comecei esquecer essas riquezas todas de além da realidade, do continente oculto do meu peito ardente, vi que tinha nas mãos a história mais triste jamais escrita. E ela era a minha. Por salvação, guardei escondidos, todos os papéis sobre o que vivi e todos os planos sobre o que viria a viver. Acho que preciso de um novo começo. J.M.N.

Para ler escutando…

Um comentário:

Anônimo disse...

Os melhores momentos de nossa alma...

Tocastes a minha, um ressurgir de de lembranças.....histórias sem desfecho...

Emocionante!

Teresa