segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Depois do fim das certezas

Por causa de Ilya Prigogini que me incomodou bastante

Se tens certezas me mate. Se as pode pegar com as mãos como faziam nossos avós, então aceito abaixar à cabeça. Não pretendo discutir as leis do universo, tomar-te por louca, pequena, sem noção do que é o amor e as coisas abruptas que ele nos causa. Peço-te apenas para me dares certezas. Quaisquer que sejam. Estruturas eternas, as últimas partículas ínfimas, um lençol que nos proteja integralmente daquele frio insidioso dos invernos da alma. Se tens isso em teus papéis, em tuas gavetas secretas, nos tomos das obras antigas que ainda consultas como as únicas verdades terrenas. Se não tiveres e contornares esse teu ímpeto por não admitir teu caos, vira a esquina, segue em frente, passa pela torre onde ocorreu o primeiro beijo, depois compre amêndoas no mercado central, daquelas que cheiram tanto que as usamos para perfumar as roupas durante o mofado outono daqui. Não precisa bater à porta. O jantar será servido assim que chegues e a sobremesa, assim que espalharmos as amêndoas sobre a torta. J.M.N.

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