terça-feira, 25 de outubro de 2011

Coisas que dançam entre a luz e lugar nenhum

Ao dormir esta noite que vem pedirei exagerados sonhos aos sóis de um planeta qualquer. Cosmologia principiante para esquecer que não estarás aqui. Tudo calmo e triste e azul boreal na cama da gente. Não era pra ser. Já entendi. Mas ainda assim é difícil saber do entredentes maldoso dos outros. Falando de tuas viagens, contando as certezas de tua felicidade atual. Te colocando de volta em mim como um negativo de foto. Um vitral errado.

Antes de chegar para o descanso, esse caminho todo que ainda tenho de fazer. Olhar aos marcos de quando sabíamos os dois que estávamos próximos de casa. A velha casa dormente com fantasmas a janela, a estatueta esquecida no cume de uma padaria que nem era tão boa assim. Sei lá, esses estrepes afiados que encontram os nervos mais sensíveis de quando andamos sós. Dói o caminho. Dói a moça a esperar seu par. Dói o centro do que eu nem tenho ainda.

Apenas isso que tenho dito. Um soldado esquecido. Desertor, quem sabe? Não há verdades que pronunciar, porque os dias se cumpriram sobre o medo de encontra-las. Deu musgo onde se esperava uma mentira. São lugares ermos como esses aqui dentro que eu possuo. Uma lágrima que nada faz senão danificar a minha visão noturna. Fazenda de nada. Bosque onde o cascalho e o húmus de tantas árvores não sentem mais o afundar dos passos de ninguém.

Quando eu chegar para derrotar o corpo e esperar as mariposas de agosto, estarei como tal te encontrei, mil anos atrás. Dobrado em mim. Esfarelado nestas falanges de letras que me escapam constantemente. O olho na janela que não se descuida jamais do dever de apresentar paisagens. Essa noite, mais um pouco, o brilho incrível dos teus olhos virá se esticando, como as luzes da rua inteira a entrar no breu da noite, meu olho some, sou tua luz. Me despeço de ti, porém retorno.

Mais uma vez terei esperanças de que o sono e suas vantagens trepane meus ossos até o esquecimento da terra me apanhar. Mais uma vez te pedirei para segurar minha mão enquanto eu rezo para esquecer de ti. J.M.N.

Para ler escutando…

Um comentário:

Anônimo disse...

Apreendo um pouco de ti ao ler teus textos. E me encontro neles.