quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Este eu dos homens todos

Por causa de Hannah Arendt

Não sou a história, mas a ela pertenço e reconheço a aliança com meus íntimos presentes e os ausentes que sei existem além da minha vida, muito afora de meu olhar. Esse meu olhar, que mínimo, agrada-se do umbigo e fica pensando em si, quando a beleza de ver, está em encontrar o outro dentro da gente ou das lágrimas que brotam quando choramos a partida de quem estava ao redor.

Esse último presidiário esquecido, depois do desmonte da cadeia está anotado nas culpas que levarei. Como eu, ele resiste e se engaja em novos delitos. Não é mais um homem, não faz parte da grande massa. Degenerou. Migrou. Encolheu. Apenas traço do original perfeito, feito à luz da semelhança divina. Quem acredita?

Ajo, por assim dizer, parecendo. Andando de braços dados com meus semelhantes. Antes que todos abandonem o barco e se declarem limpíssimos. E se assim ajo degradando, complementando, unindo ou separando, estou quite com os termos do tempo, com a escritura da vida. Estou quite, enfim, com o desassossego de quem calhou de nascer deste lado do muro. J.M.N.

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