sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Belo Horizonte

Para Stella, Renato e Juliana,
em nome de quem, agradeço e dedico
a todos os demais gurmets,
risos de felicidade pela acolhida extrema
e pela esperança renovada no encontro.

Eles não o esperavam e, no entanto, era como o estivessem sentindo vir daquelas bandas estranhas e verdes de seu mundo. Sorriso preso por achar-se demais na noite, sem ticket de entrada, sem permissão, como que entornado em desculpas por existir demais entre eles naquela noite que não lhe pertencia. Perto daqueles abraços, porém, a noite escura se fez em penas brancas e cândidas como as asas dos mensageiros de antigamente, em cujos bicos voavam as notícias de alegria e descoberta daqueles que partiam para sempre ou por enquanto. E foi assim nascendo nele uma viagem. Com as milhas entre seu mundo e o mundo deles estiando, desfazendo-se, indevidas, no mastigar de seus sotaques tão diferentes, mas amantes desde a hora primeira. O vinho arrebatou as últimas dúvidas e macetes de existir entre muitos e os sorrisos nascidos tinham aquela pele especial de quando se encontra na surpresa a potência de existir. De quando se encontra no novo, a felicidade quase infante de ser acalentado, cuidado, desvendado sob os sinceros e delicados mergulhos no desejo mútuo. E da estranheza que era própria de seu pacto terreno veio o assombro de que era pessoa também para eles e que naquelas circunstâncias não haveria diferença, senão a diversidade multiplicável de afetos e místicas cumplicidades, de gostos tecidos entre mãos hábeis e devoção conjunta. Uma casa no alto de uma montanha. O céu inteiro a disposição dos espelhos. E as imagens que se houveram entre si estimadas, invencíveis, algo cálidas nos abraços finais, foram a declaração de encontro perfeita. Reinventaram naquele estranho caboclo do rio verde os conceitos de frátria, de esperança e de acolhimento para a felicidade suprema de sua jornada de milhas e de encontros consigo mesmo. J.M.N.

Belo Horizonte, 31 de agosto de 2011.

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