Quando a palavra busca o cuidado não se diz morra, mas antes parta além do que sou. É quando se está abastecido para a jornada que ela silencia, trazendo constância a todo silêncio que tanto diz em não dizer. Quando a apalavra está mansa na corda da boca é que ela prenuncia que não haverá vaidade em entregar-se ou ser deglutida pela boca amada, ou conquistada, ou sorvida. É quando se acaba a obra de estar vagando sem o que dizer. Impede-se de vãos desleixos, dislexias, incorreções. A palavra quando busca cuidado ama-se. Faz mais por si do que pelo objeto de quem a diz, de quem proclama mesmo. Ela sangra quando capturada em erro, deslizante de entrega em vão. A palavra torturada é tão frágil e diminuta que chega todos se contraem nela. Pode-se arrancar sua língua, sua sintaxe, mas ela dura em ideal de dito, não se apresenta. Nos porões do mau feito ela se extinguirá digna. Quando a palavra busca o cuidado é que já faz questão de ser dita com prova, paixão e quem diria, razão de ser. J.M.N.
2 comentários:
Às vezes as palavras escapam, transbordam, se fazem sozinhas... quando se busca o cuidado e já têm razão de ser, já são antes de sê-lo..
Afortunda sou... Um amigo e uma irmã sensibilíssimos e lindossss!!
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