sexta-feira, 1 de julho de 2011

Às palavras recentes

Assim que ela sai eu ganho asas, a segui-la na quentura do verde de nossos mesmos caminhos. Que fique claro que não é liberdade, apenas uma ferramenta para continuar perto dela, segui-la aos milhares de cantos por onde passa. De cima, como um pássaro interpreto o melhor trecho dos seus caminhos e ofereço palhas como paredes a uma vida conjunta. Por enquanto, sei fazer isso apenas, sozinho. Sei que um dia desses acordarei com um pavor demente de não tê-la nos abraços noturnos, nas sonhadas praias de areal e azul. Antevendo esse destino imprescindível ao que já se instalou por tanto amá-la, sou capaz de arrancar as asas, de trilhar os mesmos caminhos todos os dias, de busca-la com a obstinação de Andrógino recém-separado. Andando até o sangue deixar rastros nos passos, até a boca cultivar um deserto de sem chuva. Estar ali, ficar, conjugar seu nome como o verbo que me impele ao movimento. Rebento unicamente de suas palavras recentes: amor da minha vida. J.M.N.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo isso! Seduzida? perseguida? Amada...

Anônimo disse...

Mais parece um "amor pastoso"...

José Mattos disse...

Mais parece um mal-entendido...