sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dezessete

De todos os nascimentos do mundo, o teu será sempre um de meus favoritos, pois vieste organizar minha terra em sua caótica perseguição pelos feitos de amor impossível. Naqueles cantos em que chupavas o dedo, escondida de toda ternura excedente, arquitetavas as bodas de quem fosse apenas dedicando aquele mínimo sugar de paciência escondida. Fazias o tempo correr natural à descoberta desse teu isolamento infantil.

Ao saber dessa tua particularidade é que passei a te amar, muito mais e depois de teres me desmascarado diante de tantos. Diante de mim mesmo.

De todos os anos que contarei até o fim de meus dias, os teus estarão entre os primeiros. Contados com a dedicação daqueles anos de história linda que nos sustentaram e forjaram melhores, menos afeitos a constipação com o mundo em vigor. Tesouros riquíssimos aqueles lavrados em teus autos de entrega, sobre os quais chorei tanto quando te perdi para minhas guerras infelizes.

De tantas pessoas que me contornaram ao longo de meus tempos serás sempre aquela que me ultrapassou, me sobreviveu e mostrou com a calma idílica que sempre será tua, que não há porque apressar as coisas, os riscos não serão menores se o salto for feito hoje, daqui a pouco.

Eu te convido saudar aqueles anos. Em minha presença invisível. Regados ao passado instalado e quase impossível de ser visto por outros. Aqueles nossos liquefeitos adornos que superam contratos, benesses de calma, que ultrapassam sobremaneira a neutralidade deste nosso silêncio escolhido por prudência e honra. J.M.N.

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