domingo, 14 de março de 2010

Um tiro no escuro

Assistindo a “Um Tiro no Escuro” de Blake Edwards, 1965.

Está tudo bem. E quando menos se espera alguém vem com uma arma ou uma palavra e nos leva a graça, quando não, a vida inteira. Tudo parece estar calmo, mas ai, alguém, sempre vem e acorda nossos medos, aventura-se a compreender o que não é fácil de ser compreendido. Tudo está certo e enquadrado e, no entanto, a noite revela mais tramas do que bons sonhos. E todos trocam de leito e todos armam vinganças. E tudo quanto eu queria dizer, fica no outro fazendo raiva, desesperança. Talvez não ache prudência no avançar da idade. Talvez ela ainda não saiba o que eu quis dizer com aquele telefonema e minha pergunta, certamente, mal formulada. E eu já não tenho argumentos, já não sei como mostrar-lhe certezas. Pois não as tenho, de todo. E por cima deste sono que vem e finalmente me traz uma boa notícia, as lembranças, o suave de sua pele. Vejo num filme antigo algo que me desperta, mas não tira a tranqüilidade com que me lembro dela agora, em todos os minutos do meu dia. Eles, em cena, entram e saem de aposentos, escondem-se e calam suas mentiras e verdades. E de repente alguém dispara. Um tiro sem testemunhas. Alguém que acaba pagando caro a incompetência de outra pessoa. Talvez meus sonhos ganhem enredos diferentes, mas a tela ainda acesa me diz que, enfim, uma bela música de fundo pode fazer toda a diferença. E é assim que penso nela: um tiro no escuro e as sombras de uma música belíssima a convencer meus sentidos de que por trás de toda a tragédia, existe algo que supera tudo. J.M.N.

A cena inspiradora...

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